Talvez, o meu único
medo seja, de quando você for de verdade não ter mais o abraço, o carinho que
ninguém nunca ofereceu, a voz ridícula e indecente, o jeito que a mão passa
sobre as costas fazendo arrepiar o corpo todo, talvez eu só sinta a falta da
mordida na língua e um na orelha que sempre foi sagrado todos os dias, falta da
preocupação ou do jeito que olhava quando estava sempre distraída. Talvez eu
sinta pena por ter deixado você ir e sinta dó de mim mesma, talvez eu chore
todas as noites quando dá o seu horário pra ir embora e souber que você não está
mais ali, não vai estar nunca mais, talvez eu te encontre em um dia perdido e nesse
dia eu perceber que o que eu deixei no tempo de hoje tenha sido a maior
burrice. Mais hoje, hoje eu te deixo ir, sem ter que olhar pra trás. Sabendo
que você fica melhor sem mim.
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